O primeiro mês do segundo semestre apresentou um comportamento errático influenciado tanto pela expectativa de dados econômicos mais favoráveis, que poderiam dar início ao processo de queda de juros nas economias desenvolvidas, como por uma forte reversão de expectativas no mercado interno, em função de uma posição dúbia do governo quanto ao equilíbrio fiscal.
A indefinição quanto ao real compromisso do governo no cumprimento das metas fiscais, levou a uma nova precificação do dólar e dos juros para cima, fatores que impactaram diretamente a volatilidade dos preços das ações no mês.
Mesmo com esses desafios, o mês de julho foi positivo para o Biguá Venture Value FIA que teve uma alta de 2,82%.
Já o índice Ibovespa, teve alta de 3%, mas ainda segue bastante descontado, quando comparado com seus pares, mostrando o descompasso entre nosso mercado de ações e a realidade das empresas e negócios que o compõe.
Nas janelas mais longas (5 anos), seguimos com uma rentabilidade anualizada de 6,55%, o que se traduz numa alta de 37.73% em 60 meses contra 25.38% da bolsa, no mesmo período.
A mesma a rentabilidade anualizada em 10 anos chegou a 15,10%, um desempenho que mostra a força da filosofia de investimento em valor de longo prazo.
Dentre os destaques positivos no mês, tivemos as ações da Embraer com alta de 21,2% e da Dexco com 11,4%.
Pelo lado das quedas tivemos as ações da São Martinho com baixa de 9,9%.
A Embraer vive um momento singular. Segue com sua carteira de pedidos em níveis históricos de alta, e com suas 4 principais unidades de negócios (Comercial, Executiva, Segurança e Serviços&Manutenção) performando muito bem, o que traz excelentes perspetivas de novos bons resultados para os próximos trimestres.
Já a Dexco vem se recuperando do processo de ajustes em suas unidades industriais ligadas a louças e metais, e também se beneficiando do bom momento do setor de madeira e celulose líquida, que deve trazer a tao aguardada recuperação em todas as frentes de negócios.
Já a São Martinho, mesmo sendo a mais eficiente empresa do setor sucroalcooleiro, teve que enfrentar os desafios e efeitos da estiagem, e também da definição dos preços dos combustíveis pela Petrobras, que tem impacto direto na precificação do etanol.
Foi dado início a temporada de divulgação dos resultados do segundo trimestre. Daremos destaque a Romi, Vale e Klabin.
Começamos pelo resultado de Romi, que mostrou sinais de leve melhora, principalmente no crescimento da entrada de pedidos, o que demostra que o pior já passou.
A unidade máquinas seguem tendo as melhores margens, além do impulso da parte de locações, que também tem como função a diminuição do impacto do ciclo de negócios da companhia.
A unidade BW também segue com boa performance, mas os resultados efetivamente somente aparecem no último trimestre.
Por fim, a unidade de fundidos segue em lenta recuperação, impulsionada pela entrada de pedidos ligados ao setor automotivo comercial.
A Vale apresentou resultados amplamente esperados pelo mercado.
Nesse trimestre, a empresa gerenciou preços mais baixos do minério de ferro e os custos mais elevados. Mesmo assim, conseguiu diminuir sua dívida líquida devido aos US$2,5bi recebidos do negócio de Metais Básicos.
A Vale anunciou o pagamento de dividendos de US$1,6bi, que serão desembolsados em setembro.
Apesar de um desempenho aquém no trimestre, a empresa manifestou que cumprira seu guidance para o ano, o que demonstra melhora nos resultados dos próximos trimestres.
Por fim, os resultados da Klabin. A empresa apresentou bons resultados no trimestre, com uma forte geração de caixa, controle de custos e um excelente mix de produtos, reforçado pela entrada das novas unidades fabris.
Mas o que mais nos entusiasma, são as perspetivas futuras da empresa, que se encontra num bom momento para surfar queda de custos e a alta do dólar, que seguirão ajudando a empresa a gerar mais caixa e seguir diminuído seu nível de alavancagem.
Como já dissemos, seguimos acompanhando o decorrer dos fatos (queda dos juros e compromisso com metas fiscais criveis), em busca da retomada na confiança dos investidores, e a consequente recuperação dos preços dos ativos da nossa carteira.
Essas sinalizações benignas e esperadas podem gerar a volta do fluxo de investimentos, dispersando os ruídos internos e externos que seguem acontecendo.
Bom é isso!!! Esses foram os destaques de julho de 2024.